Dia de Conscientização do Alzheimer: a ciência busca novos tratamentos, mas ainda não há medicações com eficácia comprovada para a doença
O Dia 21 de setembro é a data dedicada para oferecer informações, alertas e cuidados em relação à doença que afeta mais de 50 milhões de pessoas no mundo
O mês de setembro e, em especial, o dia 21 de setembro, são lembrados como o Dia Mundial do Alzheimer e o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer. Essa é uma doença que pode afetar mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, com possibilidade de crescimento para 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050, especialmente por conta do envelhecimento da população.
“A Informação e o conhecimento trazem clareza para as ações de uma forma em geral. Quanto maior for o grau de clareza sobre quais são os sintomas iniciais do paciente, mais rápido é possível identificar e tratar a pessoa. Para os familiares, esse conhecimento leva-os a procurar auxílio mais precocemente o que diminui muito ansiedade e preocupação gerada pela dúvida. Com um diagnóstico realizado, os cuidadores podem utilizar ferramentas melhores para lidar com o paciente que passa a ser mais bem cuidado, o que minimiza os impactos da doença”, destaca o neurologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Tiago Sowmy.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, de instalação progressiva e que ainda não tem cura. Segundo o médico, os primeiros sintomas da doença são alguns tipos de esquecimentos e problemas de memória. “São exemplos não encontrar objetos guardados recentemente, esquecer compromisso ou consultas, confundir-se com medicações, ter dificuldades para nomear objetos, dificuldades em se deslocar ou fazer caminhos antes conhecidos e abandonar tarefas sem finalizá-las”, explica.
Essas alterações cognitivas começam a reduzir a independência da pessoa que passa a não conseguir mais realizar tarefas instrumentais básicas, passa a ter alterações comportamentais, confusões mentais e alteração do ciclo do sono. Isso acaba sendo percebido por familiares próximos, parceiros ou cônjuges, o que pode gerar situações de estresse. “O estresse (crônico) é um fator de risco associado ao desenvolvimento de demência. Uma vida mais tranquila com regramento de atividades físicas e sociais, uma programação mais organizada das atividades diárias além de um sono reparador e medicações para controle comportamental são práticas que auxiliam”, destaca.
O médico detalha que a prevenção pressupõe alguns fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento da doença, como obesidade, stress, hipertensão, tabagismo e diabetes. “Alguns hábitos também favorecem a proteção (ou o atraso de manifestação) da doença como prática de atividades físicas regulares e a realização de atividades cognitivas e sociais. O desenvolvimento de exercícios cognitivos que possam auxiliar a manutenção de uma reserva cognitiva fisiológica também é uma prática positiva para evitar o aparecimento da doença. Outros fatores de risco não modificáveis como a idade e algumas mutações genéticas também podem influenciar”, avalia, ressaltando que apesar de haver alguns tratamentos promissores e medicações específicas que podem diminuir o risco de desenvolver a doença, ainda não há estudos científicos que comprovam a eficácia destas medicações em ambiente fora de pesquisa clínica.
Segundo o neurologista, o foco estaria em medicações que realizam uma espécie de “limpeza” no tecido neurológico, retirando a proteína beta-amiloide, considerada a principal via da doença. “Há, porém, controvérsias quanto à origem da doença. Essas medicações, se indicadas, devem ser realizadas em pacientes que ainda apresentem sintomas leves da doença. Caso contrário não há evidencias de sua eficácia”, destaca. Ele alerta ainda que é importante evitar tratamentos alternativos que prometem a cura da doença e que não gerarão os benefícios esperados ao paciente.
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