Os sintomas renais se agravaram nos últimos anos e o médico alertou para a necessidade de iniciar tratamento, cujas alternativas eram: diálise peritoneal, a hemodiálise e o transplante.
De acordo com especialistas, o transplante preemptivo é uma modalidade diferente, já que é realizado antes do paciente ter contato com os outros dois tratamentos. No entanto, necessita da disponibilidade de um doador vivo, onde geralmente a compatibilidade é encontrada com mais facilidade entre membros da família, e sem interferência na fila nacional de transplantes.
Quando saiu o resultado da compatibilidade entre ela e o irmão, Gledsan não escondeu a felicidade. “Nós somos quatro irmãos em casa, somente eu de mulher e três homens. Fizemos os exames, e ele (Aglenilson) deu compatível”.
Geldsan não queria fazer hemodiálise, por saber das dificuldades vividas por pacientes renais crônicos, especialmente os que dependem da máquina de diálise para sobreviver.
“Conversamos com muita gente que faz hemodiálise e sei que esse procedimento debilita muito as pessoas. Eu não queria fazer, pedi muito pra Deus e ele realizou”, afirmou a paciente.
O irmão conta que concordou em ser o doador com intuito de possibilitar à irmã uma nova vida. “O sofrimento familiar é muito grande, a gente sofre com ela. Esse transplante está sendo um divisor de águas”, comentou Aglenilson Caldeira.
Procedimento Inédito
Localizado em Santarém (PA), o Hospital Regional do Baixo Amazonas, gerenciado por uma das maiores entidades filantrópicas do Brasil, a Pró-Saúde, desempenha um importante papel, atuando como referência para atendimentos de alta complexidade na região Amazônica do país.
“É um tipo de transplante que pode durar por muito mais tempo e isso é um ponto positivo. Mas para ser concretizado, é fundamental um acompanhamento ambulatorial prévio, antes da necessidade de realizar hemodiálise”, recomendou o médico nefrologista.
O transplante preemptivo foi considerado um sucesso pela equipe multiprofissional, conduzida pelo cirurgião geral e urologista, Alberto Tolentino.
“A experiência de ter operado uma paciente com problema renal, já com os rins não funcionantes e sem ser submetida à hemodiálise, nos mostra que a resposta é muito boa”, disse o cirurgião Alberto Tolentino.
Para o diretor hospitalar do HRBA, Hebert Moreschi, o sucesso do procedimento foi possível graças à uma equipe altamente capacitada, que faz com que a unidade esteja sempre à frente quando se fala em tecnologia e tratamentos.
“Seguindo a estratégia de interiorização dos atendimentos em alta complexidade do Governo do Estado do Pará e da Pró-Saúde, conseguimos levar à população paraense a melhor técnica, o melhor procedimento e uma assistência com qualidade e segurança na Amazônia brasileira”, enfatiza Hebert.
Ambos os pacientes já receberam alta hospitalar após a cirurgia e apresentam uma evolução positiva do quadro clínico. Gledsan seguirá sendo acompanhada pela equipe de nefrologia do hospital, via atendimento ambulatorial.
Captação de órgãos e transplantes
O Hospital Regional do Baixo Amazonas trabalha na captação múltipla de órgãos desde 2012. Em 2016 a unidade foi habilitada para realizar o serviço de transplantes renais na região, e já realizou mais de 70 procedimentos.
Referência para 1,4 milhão de pessoas residentes em 30 municípios da região Oeste do Pará, Xingu e Baixo Amazonas, o hospital paraense é reconhecido como um dos dez melhores hospitais públicos do País, e faz parte de um seleto grupo no Brasil que possui o certificado ONA 3 – Acreditado com Excelência, selo de qualidade que, há sete anos, tem sido concedido ao hospital pela Organização Nacional de Acreditação.
(G1 Pará)