PIB brasileiro cresce 2,9% em 2022, mas regiões norte e nordeste apresentam recuo, aponta 4intelligence
Levantamento da startup de soluções que apoiam a tomada de decisão por meio da análise de dados indica recuo de 0,6% e 1,1% nas regiões norte e nordeste, respectivamente
Cenário regional mostra dinâmicas distintas
O Produto Interno Bruto do Brasil teve um crescimento de 2,9% em 2022, mesmo com o recuo no quarto trimestre do ano. No entanto, a dinâmica regional mostra cenários bastante distintos. A 4intelligence, startup de soluções que apoiam a tomada de decisão por meio da análise de dados, replica a metodologia do IBGE para o cálculo do PIB por estado, e indicam que o cenário regional para 2023 terá diferenças importantes. Regionalmente, Sudeste (1,2%), Sul (2%) e Centro-Oeste (0,8%) devem apresentar cenário de expansão. Por outro lado, as regiões Norte e Nordeste prospectam cenário de queda na atividade econômica, com recuos de 0,6% e de 1,1%, respectivamente.
O Produto Interno Bruto brasileiro apresentou alta de 2,9% no ano de 2022. Na parcela final do ano, a atividade econômica registrou recuo de 0,2%, marcando a desaceleração gradual da economia ao longo do ano. Mesmo assim, o período foi de crescimento, e os setores de Serviços e da Indústria foram os maiores responsáveis pelo balanço positivo, com alta de 4,2% e 1,6%, respectivamente. É o que mostra uma estimativa realizada pela 4intelligence, startup de soluções que apoiam a tomada de decisão por meio da análise de dados.
A empresa já havia divulgado projeção de 0,7% de crescimento do PIB em 2023. Com a perspectiva de recuperação do mercado interno chinês e de retomada robusta da produção agrícola, a previsão é de alta de 0,9%. Ainda assim, o quadro econômico para este ano é desafiador.
Domesticamente, os juros elevados e o alto grau de endividamento familiar devem frear o setor de Serviços – o principal motor do PIB de 2022. Em relação à Agropecuária, o cenário é de maior otimismo, pela expectativa de recuperação da produtividade. A seguir estão os resultados e projeções da 4intelligence para cada região brasileira.
Região Norte
A região Norte foi a que apresentou a maior queda do nível de atividade econômica no quarto trimestre de 2022, exibindo resultado negativo em todas as aberturas do PIB. O recuo foi de 2,8%. Levando em consideração todo o ano de 2022, a região apresentou crescimento acumulado de 5%, valor acima do registrado a nível nacional. Para 2023, estima-se que o Norte apresente retração de 0,6% do PIB, motivada pelo setor de Serviços, que deve recuar em 1,1%, com destaque para os estados do Tocantins e do Pará.
O segmento de Serviços apresentou resultado negativo no último trimestre de 2022, com queda de 2,9%, em contraste com o que vinha sendo observado nos trimestres anteriores. As áreas que mais contribuíram para o desempenho negativo do setor foram Outros Serviços (-2,2%) e Administração, Saúde e Educação Públicas (-0,4%). O Comércio, por sua vez, expandiu 4% no quarto trimestre, com crescimento disseminado entre todos os estados. No ano, o setor encerra com crescimento expressivo de 9,3%, maior expansão registrada na região entre as aberturas do PIB.
Quebrando o cenário de alta observado nos dois últimos trimestres, a Indústria fecha o quarto trimestre de 2022 com queda de 1,1% na região. No que tange à Agropecuária, a região apresentou resultado negativo no último trimestre de 2022, com recuo de 2,1%. No ano, o resultado fechou em 0,8%.
Região Nordeste
O Nordeste fechou o quarto trimestre de 2022 com o maior resultado registrado entre as regiões brasileiras, com alta de 0,9% no seu PIB. O resultado positivo foi alavancado pelo desempenho da Agropecuária e dos Serviços, com crescimento de 5,7% e 2,3%, respectivamente. O resultado anual acumulado do PIB fecha na casa dos 5,6%.
Em 2023, o Nordeste deve apresentar o desempenho mais negativo entre as regiões, com queda de 1,1%, após crescimento mais forte em 2022. O principal motivador é o setor de serviços, que deve dar maiores sinais de desaceleração em 2023, fruto de um cenário econômico mais restritivo.
Pelo lado da Indústria, o desempenho no último trimestre do ano foi praticamente neutro em relação ao trimestre anterior. No acumulado do ano, o setor industrial fecha com alta de 5,5%, atrás apenas de Serviços, que teve crescimento de 6,5%. Levando em consideração o último trimestre de 2022, o levantamento aponta que o segmento de Serviços cresceu 2,3% na região. Já o ramo do Comércio teve alta de 3,5% no trimestre, fechando o ano com alta de 6,5%, maior expansão registrada na região em 2022. A Agropecuária teve resultado positivo, com alta de 5,7%, frente à queda observada no trimestre anterior.
Região Sudeste
O Sudeste registrou um recuo de 0,3% no último trimestre de 2022, em relação ao terceiro, levemente abaixo da média nacional (0,2%). Com isso, a região apresentou um crescimento de 2,6% em 2022, no total. Com taxas de juros mais elevadas e um mercado de crédito mais apertado, o quadro econômico foi desafiador em 2022.
Em 2023, o Sudeste deve ter um crescimento de 1,2%, pouco acima da média nacional. O resultado no ano deve ser puxado sobretudo pelo setor de Serviços – a projeção para ele é de alta de 2,4%. A área deve se beneficiar do melhor desempenho dos indicadores de renda e emprego ao longo de 2022. A Indústria da região deve apresentar recuo de 0,5% em 2023. Já a Agropecuária deve registrar crescimento de 0,6%.
No ano de 2022, a Indústria da região Sudeste apresentou avanço tímido, de 0,7%. A Agropecuária, por sua vez, observou recuperação expressiva no quarto trimestre, com crescimento de 12,1%, após forte contração no trimestre anterior. Minas Gerais foi o estado que mais se destacou, pelo desempenho das culturas de milho e soja. No ano, o desempenho do Sudeste na Agropecuária também foi relevante, com alta de 3,5%, tendo sido o maior dentre as regiões.
Região Sul
Sul foi a região a apresentar o segundo menor resultado no quarto trimestre de 2022, com um recuo de 2,1%, na frente apenas da região Norte. O desempenho fraco na Indústria, com queda de 2,1%, assim como no setor de Serviços, que recuou 0,9%, condicionou a evolução da economia no último trimestre. No ano, o Sul foi a única região a apresentar recuo da atividade econômica, com queda de 0,2%, após expansão mais relevante observada em 2021.
Em 2023, o Sul deve apresentar o melhor resultado entre as regiões, com crescimento de 2%, fomentado sobretudo pela recuperação forte da Agropecuária – a projeção é de alta de 16,4%. Nesse sentido, espera-se um acréscimo na produção de grãos, principalmente da soja. Além disso, as culturas de milho e feijão, as quais foram fortemente impactadas na safra anterior, também devem apresentar recuperação expressiva.
O setor de serviços foi o principal fator por trás do desempenho mais fraco do Sul no quarto trimestre de 2022, com queda de 0,9%. A indústria da região obteve resultado fraco, com recuo de 2,1%, significativamente abaixo da média nacional, tendo sido a pior região no setor. A Agropecuária recuou 0,6% no quarto trimestre de 2022, em relação ao terceiro, tendo apresentado o menor impacto negativo sobre a atividade econômica da região.
Região Centro-Oeste
A região Centro-Oeste desacelerou sua atividade econômica no quarto trimestre de 2022, com queda de 1,4%. Das quatro aberturas do PIB, a região apresentou desempenho negativo em duas delas – Impostos (-4,2%) e Serviços (-2,9%). Pelo lado do crescimento acumulado no ano, a região desponta desempenho positivo, com alta de 5,1%, o segundo maior resultado regional do país, atrás apenas do Nordeste. Para o ano de 2023, projeta-se elevação de 0,8% para o PIB da região. Prospectivamente, a Agropecuária deve figurar como o principal condutor da economia do Centro-Oeste.
Analisando setorialmente o desempenho do PIB para a região Centro-Oeste, o cenário que se encontra para a Indústria (0,6%) no quarto trimestre de 2022 é de alta, mantendo a tendência de expansão observada nos trimestres anteriores. No ano, a Indústria fecha com alta de 8,3%, conduzida pela alta acumulada em todas as suas aberturas.
(Ascom 4intelligence)
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