Dica do Dia – Erros de Português te deixam fora do mercado
A língua portuguesa está entre os dez idiomas mais falados do mundo, sendo uma das línguas mais populares. O Português com certeza é um dos mais ramificados também, o idioma pode assumir culturalmente duas normas, sendo elas língua coloquial e língua culta. E, até por isso, mesmo em nosso país onde essa é a língua oficial, ainda há muito a se avançar com relação à alfabetização adequada da população.
As características complexas do português, somadas ao sistema de educação falho que temos, resultam em adultos que cometem erros de escrita e fala por falta de conhecimento e que, por consequência, são prejudicados no mercado de trabalho.
Isso foi o que mostrou uma pesquisa feita pela Catho. Os erros de português em um currículo são fatais e deixam de fora dos processos seletivos os candidatos que os cometem, sendo o critério tão exigido pelos recrutadores quanto a própria experiência profissional.
Erros no currículo: por que não cometê-los?
Se atentar à gramática no currículo é tão importante quanto se apresentar bem na entrevista. Nessa etapa, a escrita é a forma que os candidatos podem mostrar seus conhecimentos, raciocínio e domínio de uma comunicação clara e objetiva, seja em qualquer segmento do mercado.
Segundo um levantamento feito pela Catho, para 34% dos recrutadores que participaram da pesquisa, os erros de português são o principal critério para eliminar um candidato. Para eles, esses erros podem representar falta de conhecimento da língua e ausência de atenção na hora da construção verbal de seu currículo.
Ainda de acordo com a pesquisa, um recrutador recebe em média de 30 a 50 currículos por vaga. Desses, de 5 a 10 candidatos chegam a passar para a etapa de entrevistas. Dentro de um cenário concorrido, onde o número de candidatos é maior do que o número de vagas oferecidas, é fundamental que não seja eliminado na competência mais importante do processo, a linguagem.
Culturalmente agregamos mais valores para idiomas estrangeiros do que para a língua nativa. A preocupação em se destacar com um idioma novo costuma ser maior que dar atenção ao que falamos, deixando de focar no domínio da gramática e ortografia do português, por isso é importante se preocupar em adquirir novos idiomas para destacar nosso currículo, mas também estar com a língua portuguesa alinhada, mostrando que temos a comunicação clara e que traz sentido.
Quais os erros de português mais comuns nos processos seletivos e nas empresas?
Entre os erros mais cometidos nos processos seletivos, incluindo os currículos, entrevistas e o dia a dia nas empresas, especialistas destacaram os 13 principais e explicaram as regras. Confira e veja se não está errando nos mesmos pontos.
“Ao invés de” e “em vez de”
O termo “invés” é variante de “inverso”, ou seja, o oposto. “Isso quer dizer que devemos utilizar ‘ao invés de’ apenas quando formos indicar uma oposição sobre algo, podendo ser substituído por ‘ao contrário de’. A expressão ‘em vez de’ é usada para dizer que estamos fazendo alguma coisa diferente da primeira proposta, mas que não necessariamente seja o oposto dela, e pode ser trocada por ‘em lugar de’. Na dúvida, ‘em vez de’ funciona melhor para todos os casos”. Explica a professora de Língua Portuguesa do colégio Semeador, Cláudia Fávero dos Santos, de Foz do Iguaçu (PR).
“Onde” e “aonde”
A palavra “onde” é utilizada para se referir a um lugar, e pode ser substituída por “em que”. O termo “aonde” é a junção da preposição “a” com “onde”, ou seja, é usado quando vem acompanhado de outro termo que também necessite da preposição “a” como, por exemplo, no caso do verbo “chegar”. Ex: “Ainda não sabemos aonde iremos” e “Onde coloquei minhas chaves?”. Explica o Professor de Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Internacional, Diego Emanuel Damasceno Portillo, de Curitiba (PR).
Onde quando não se refere a lugar
Outro caso de erro bastante comum é usar o pronome relativo “onde” sem haver referência de lugar. Ou seja, deve-se usar “onde” somente se antes houver um lugar referido. Segundo o Professora de Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Master, Ederson Lima de Souza, de Ponta Grossa (PR), o erro acontece porque “onde” pode ser equivalente a “em que”, mas o inverso nem sempre é possível. “O colégio onde estudo é legal”. = “O colégio em que estudo é legal” = “O colégio no qual estudo é legal”, Porém, “Nesse fim de semana, meu namorado e eu vimos uma série EM QUE a personagem principal era morta já no início da trama.” (série não é lugar). “Nesse fim de semana, meu namorado e eu vimos uma série NA QUAL a personagem …”
Locuções juntas ou separadas?
De repente, de novo, por isso, a partir, em cima, são escritas sempre em separado. “É algo simples, mas são erros bem comuns de vermos no dia a dia”, ressalta a professora de Redação e Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Santa Maria, Paula Faustino, de Londrina (PR).
Uso incorreto do verbo “fazer”
A professora de Língua Portuguesa do Colégio Passo Certo, Kalen Franciele Piano, de Cascavel (PR), esclarece que, quando o verbo “fazer” se refere a tempo transcorrido, ele é impessoal. Ou seja, não tem sujeito com quem concordar e então deve ser empregado no singular. Exemplo: “Faz dez anos que não a vejo”.
“Mas” e “Mais”
Segundo a professora de Língua Portuguesa do Colégio Passo Certo, Kalen Franciele Piano, de Cascavel (PR), esse é o erro de escrita dos mais comuns da língua portuguesa. “A palavra ‘mais’ é o antônimo de ‘menos’. Para saber se está utilizando da forma correta, use seu antônimo e veja se continua se encaixando na frase. ‘Mas’ é principalmente usado como conjunção adversativa, indicando uma ideia contrária à que foi imposta anteriormente”, explica.
Verbo haver com sentido de existir
“Houveram alguns apontamentos interessantes na reunião de hoje” está errado, mas é comum o uso do verbo “haver” no plural em situações em que esse verbo é impessoal. De acordo com o Professor de Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Master, Ederson Lima de Souza, de Ponta Grossa (PR), o verbo, com o sentido de existir, sempre será em terceira pessoa do singular. O contratempo acontece porque o verbo “existir” concorda com o sujeito da sentença, o qual estará após o verbo. Substituindo o verbo “haver” com o sentido de existir, por “existir” ficaria correto: “Existem vários apontamentos interessantes para hoje”.
“Há” ou “a”
O erro aqui acontece por serem palavras que apresentam o mesmo som, mas grafias diferentes. Para o Professora de Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Internacional, Diego Emanuel Damasceno Portillo, de Curitiba (PR), o importante é perceber que a forma verbal “há”, do verbo haver, indica passado e pode ser substituído por “faz”. Ex: “Nos conhecemos há dez anos. Nos conhecemos faz dez anos”. Mas o “a” faz referência à distância ou a um momento no futuro. Ex: “O posto de gasolina mais próximo fica a um quilômetro. As Olimpíadas acontecerão daqui a alguns meses”.
Uso de “há” e “atrás” na mesma frase
É inadequado falar “há dois dias atrás” ou “há cinco anos atrás”. De acordo com a professora de Redação e Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Santa Maria, Paula Faustino, de Londrina (PR), é o mesmo que dizer “descer para baixo” e “subir para cima”. “É um pleonasmo, ou seja, uma repetição, redundância. Há e atrás já indicam um tempo passado. Portanto, prefira dizer: “Há dois dias” ou “Dois dias atrás”, ressalta.
O obrigado e obrigada
De acordo com o Professor de Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Joinville, Ítalo Puccini, de Santa Catarina, em contrapartida à regra abordada anteriormente, muitas mulheres utilizam a palavra “obrigado” no masculino para agradecer algo, quando deveriam usar “obrigada”. “Nesse caso, é um adjetivo variável, portanto, deve concordar com o gênero que está praticando essa ação”, orienta.
Uso dos pronomes mim e eu
Segundo a professora de Língua Portuguesa do Colégio Vila Olímpia, em Florianópolis, Mariana Nascimento do Carmo, a confusão com esses pronomes também é comum, mas simples de resolver. Use “para mim” antes de verbo, caso “mim” não tenha função de sujeito. Se for possível excluir ou deslocar a expressão “para mim”, significa que “mim” não é sujeito daquele verbo. Ex: “É difícil para mim falar em público”. “É difícil falar em público” ou “Para mim, é difícil falar em público”. Nos demais casos, use “eu”. Ex: “Empreste o livro para eu ler”.
Mesmo
A famosa plaquinha do elevador traz um impasse que é cometido por alguns falantes. “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”. Nessa situação, de acordo com o Professor de Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Master, Ederson Lima de Souza, de Ponta Grossa (PR), a palavra “mesmo” tem sido usada frequentemente como um elemento referenciador no texto. “Porém, vale lembrar que, nesse caso, está errada. A palavra “mesmo” pode ter um papel de pronome demonstrativo em uma sentença. “Ele mesmo pintou todo o seu quarto”. Nesse caso, “mesmo” reforça a ação do sujeito. A placa correta seria: “Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra parado neste andar”, pois, nesse caso, “ele” é um pronome que retoma o substantivo “elevador” e pode exercer a função de sujeito para o verbo “encontrar-se”.
Assistir e responder
O Professora de Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Internacional, Diego Emanuel Damasceno Portillo, de Curitiba (PR), explica que o verbo “assistir”, no sentido de ver, exige a preposição “a”, mesmo que o uso cotidiano esteja mudando. Está errado: “Ele assistiu o filme Guerra Infinita”. “Sem a preposição ‘a’, assistir tem sentido de assessorar, socorrer”, esclarece. O certo é: “Ele assistiu ao filme Guerra Infinita”. Da mesma forma, a regência do verbo “responder”, no sentido de dar a resposta a alguém, é sempre indireta, ou seja, também exige a preposição “a”. É errado: “Ele não respondeu o meu e-mail” (apesar dessa regra, a tendência para a omissão da preposição é comum na linguagem coloquial, segundo o Professora). O certo é: “Ele não respondeu ao meu e-mail”.
Dicas para evitar erros de português no currículo
O processo de seleção começa no envio do currículo, bem antes das entrevistas, por isso é importante que sua atenção esteja voltada para a construção dele, segue algumas dicas:
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- Leia bastante: Ler ainda é a ferramenta mais eficiente do processo da escrita, por isso leia tudo atentamente e várias vezes.
- Revise o que escreve: Sempre que possível, revise os tópicos escritos, pois assim não deixa passar erros indesejados. pedir para um amigo de confiança dar uma olhadinha, também é super válido. Às vezes nossa mente automatiza a leitura de um texto que já conhecemos e por isso não consegue identificar erros tão facilmente.
- Tenha referências de textos: É importante que tenha referências boas de textos. Quanto maior a referência, maior é seu repertório linguístico, vocabulário, estilos de escrita, etc. Além disso, os textos de referência se tornam fontes de consulta. Salve os links dos textos ou posts que te inspiram para te ajudar quando for necessário.
- Utilize as ferramentas de correção ortográfica: Os corretores ortográficos automáticos ajudam a identificar alguns erros. Além dessa ferramenta super fácil e comum de usar, temos também o leitor de texto, que te ajuda a detectar erros invisíveis aos olhos, como por exemplo a falta de acento nos “i´s”.
- Identificar quais são os seus erros mais comuns: Todos cometemos um ou outro erro com mais frequência do que o habitual. Identificar quais são eles nos textos é um processo fundamental para melhorar suas produções.
- Esteja atento às mudanças ortográficas: A língua portuguesa assim como outras sofrem reformas ortográficas, essas mudanças podem acontecer no emprego do hífen, na forma de acentuar palavras e até na inclusão de algumas letras como W, K e Y a língua.
- Naturalize que todos podem cometer erros: Somos todos propensos aos erros, até mesmo aqueles que dominam a ortográfica. Temos momentos de cansaço e às vezes dedos mais rápidos do que os pensamentos, por isso esteja ciente de que você e todos nós podemos cometer erros, mas o importante é se atentar a eles e buscarmos não cometê-los frequentemente.
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(Catho)
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